terça-feira, 24 de junho de 2014

Interferências X Práticas de Escrita Narrativa. Edna Domenica Merola.

O objetivo deste texto é explicitar como se dá a avaliação dos trabalhos de oficinas que diferem, por princípios e fundamentos, da avaliação de um curso seriado como o do Ensino Médio, por exemplo. No semestre 2014.1, o planejamento da Oficina de Criação Literária do NE.T.I. foi assim esboçado:


Considerando que:
1- As ações realizadas foram voltadas para o ensino da escrita de textos narrativos;
2- Narrar é relatar acontecimentos e fatos reais ou fictícios. É descrever as circunstâncias (tempo e lugar definidos) que envolvem as ações conflitantes e sucessivas entre: personagens X personagens;
3- A organização narrativa compreende uma apresentação (estabelece espaço e tempo), um desenvolvimento (é a complicação da história), um clímax (auge da história ou o momento onde ocorre tensão); finalizando pelo desfecho (esclarecimentos sobre a introdução e o desenvolvimento);
4- É necessário avaliar as interferências processuais realizadas tomando-se por instrumentos também algum produto 'material'. Para avaliar a aprendizagem as interferências docentes sobre o uso da estrutura narrativa foi feito o sorteio de uma redação que pode ser lida ao acessar o link:
Por esses parâmetros e amostra, os conteúdos citados foram plenamente apreendidos.
5- É necessário justificar os objetivos atitudinais, ou seja, explicitar porque os alunos são incentivados a desenvolver determinados hábitos perante a aprendizagem. As Oficinas de Criação Literária tiveram por rotinas: digitação pelos alunos dos próprios textos produzidos; envio do texto digitado para o e-mail da professora que o corrigia e postava no blog NETIATIVO; os alunos deveriam comparar o material postado (corrigido) com sua produção enviada. 
A adoção desse instrumento de trabalho acadêmico teve por justificativa: Lei Número 10741/2003 – Estatuto do Idoso – em seu capítulo V do título II (Direitos Fundamentais). Nessa parte do texto legal sobre os direitos à Educação e Cultura,  o universo vocabular se refere a cursos para idosos, usando as expressões: “técnicas de comunicação”, “computação”, “avanços tecnológicos”. 
Outrossim, um curso para idosos deverá ter por meta a instalação de novos hábitos a saber:  uso do dicionário e da gramática (de preferência consultar on line); reconhecer os itens necessários para publicações convencionais (ficha catalográfica, diagramação das páginas iniciais de livro), produzir e expor textos com frequência em meios digitais.
A avaliação relativa aos hábitos foi aferida após aplicação de um pequeno questionário:
1- Link para leitura : http://netiativo.blogspot.com/2014/06/diario-de-classe-do-primeiro-semestre.html
Frequência de produção de textos no semestre:
( ) escrevo mais que a maioria
( ) escrevo menos que a maioria
( ) escrevo na média
2- Link para leitura:
( ) Escrevi a história que foi pedida sem a ajuda da ficha de RPG
( ) Não escrevi a história pedida, quando foi para usar a ficha
( ) Escrevi a história após preencher a ficha e achei proveitoso
3- Link:
( )Gostei de receber meus textos diagramados, mas não sei colocar os demais no mesmo documento
( )Gostei de receber meus textos diagramados e sei colocar os demais no mesmo documento
( )Não gostei de receber meus textos diagramados
( )Não recebi meus textos diagramados
4- Link:
( ) Tenho hábito de consultar dicionário e gramática após escrever a tarefa de casa
( ) Ainda não criei hábito de consultar dicionário e gramática após escrever a tarefa de casa
( ) Sempre comparo o texto que enviei com o texto corrigido pela professora que é colocado no blog
( ) Tenho hábito de consultar dicionário e gramática após escrever a tarefa de casa
( ) Ainda não criei hábito de compar o texto que enviei com o texto corrigido pela professora que é colocado no blog
5- Link:
Sobre a sequência de ideias na escrita de um texto:
( ) Tenho muita dificuldade
( ) Não tenho dificuldade nenhuma
( ) Varia entre muito e médio conforme proposta da tarefa
( ) Varia entre nenhuma e pouca, conforme proposta da tarefa

Avaliador(a) 1 respondeu que escreve menor quantidade de textos do que a maioria. Utilizou as fichas de RPG para escrever história posteriormente. Gostou de receber seus textos diagramados, mas não aprendeu a colocar os demais no mesmo documento. Não soube salvar na memória de seu computador e perdeu o material, recebendo novamente com explicação para salvá-lo em pen drive. Tem hábito de consultar o dicionário, mas não a gramática. Costuma comparar o texto corrigido pela professora que é colocado no blog. Diz que “ao ser corrigido pela professora fica demais”. Apresenta dificuldade quanto à sequência de ideias na escrita de um texto.

Avaliador(a) 2 respondeu que escreveu menos que a maioria. Não fez a tarefa sobre as fichas de RPG.
Aprendeu a colocar os textos novos no livreto modelo diagramado pela professora. Ainda não criou hábito de comparar os textos que envia com o texto corrigido pela professora e que é colocado no blog. Tem hábito de consultar dicionário e gramática após escrever os textos. Conforme a proposta da tarefa, apresenta pouca ou nenhuma dificuldade quanto à organização da sequência de ideias na escrita de um texto.

Avaliador(a) 3 respondeu que escreve menos que a maioria. Escreveu a história após preencher a ficha e achou proveitoso. Gostou de receber seus textos diagramados, mas não aprendeu a colocar os demais no mesmo documento. Ainda não criou hábito de consultar dicionário e gramática após escrever a tarefa de casa. Ainda não criou hábito de comparar seu texto original com o texto corrigido pela professora que é colocado no blog.
Conforme a proposta da tarefa, apresenta média ou muita dificuldade quanto à organização da sequência de ideias na escrita de um texto.

Avaliador(a) 4 respondeu que escreveu na média da turma. Não fez a tarefa pedida, quando foi para usar as fichas de RPG. Gostou de receber seus textos diagramados, mas não aprendeu a colocar os demais no mesmo documento. Não possui hábito de consultar o dicionário e gramática após redigir um texto. Sempre compara o texto que envia com o texto corrigido pela professora e que é colocado no blog. Não apresenta nenhuma dificuldade quanto à sequência de ideias na escrita de um texto.

Avaliador(a) 5 respondeu que escreve em quantidade média. Utilizou as fichas de RPG para redigir uma história. Gostou de receber seus textos diagramados, mas não sabe colocar os demais no mesmo documento. Tem hábito de consultar dicionário e gramática após escrever textos. Não apresenta nenhuma dificuldade quanto à sequência de ideias na escrita de um texto.

Avaliador(a) 6 respondeu que escreve na média, não se beneficiou da ficha de RPG, gostou de receber textos diagramados, mas não aprendeu a colocar os demais no mesmo documento. Não tem hábito de consultar dicionário e gramática e nem de comparar o texto corrigido pela professora com seu original. Conforme a proposta da tarefa, apresenta pouca ou nenhuma dificuldade quanto à organização da sequência de ideias na escrita de um texto.

Avaliador(a) 7 respondeu que escreve na média. Não utilizou as fichas de RPG para escrever uma história. Ainda não desenvolveu hábito de consultar dicionário e gramática após escrever a tarefa de casa e nem de comparar com o texto corrigido pela professora e que é colocado no blog. Conforme a proposta da tarefa, apresenta pouca ou nenhuma dificuldade quanto à organização da sequência de ideias na escrita de um texto. 

Avaliador(a) 8 respondeu que escreve menos que a maioria. Não fez a tarefa sobre as fichas de RPG. Gostou de receber textos diagramados, mas não conseguiu colocar os textos posteriores no mesmo documento. Tem hábito de consultar dicionário e gramática após escrever a tarefa de casa. Sempre compara o texto que envia com o texto corrigido pela professora (que é colocado no blog). Conforme a proposta da tarefa, apresenta pouca ou nenhuma dificuldade quanto à organização da sequência de ideias na escrita de um texto.

SÍNTESE
Quanto à frequência de produção de textos no semestre, houve um viés grande de respostas ao comparar com o número efetivo de textos produzidos, com tendência a subestimar a quantidade realmente produzida. Infere-se que será necessário trabalhar mais as ações realizadas após a escrita em seus significados práticos e existenciais.
O uso de fichas de R.P.G. para criar ficção em literatura foi útil no preparo que antecede a escrita organizada do texto para 60 % dos autores da tarefa. 
Um livreto personalizado (produção de cada aluno) foi diagramado e oferecido pela professora aos alunos de sua turma. Foi bem aceito: 100 % dos alunos avaliadores responderam que gostaram de receber seus textos diagramados pela professora como modelo. Mas 87,5 % não soube incluir textos escritos posteriormente no mesmo documento do word recebido. Portanto, a resposta para uma atividade docente de preparo demorado não surtiu o efeito didático proporcional esperado.
A preocupação com aspectos da escrita normativa é rebaixada, provavelmente devido aos hábitos do uso de dicionários e gramáticas não estarem devidamente implantados na clientela, até o momento. Outro hábito ainda não praticado é o da conferência após a publicação no blog. (Deve ser imediata e praticada pelo próprio autor responsável legal por tudo aquilo que escreve, principalmente quando se tratar de fatos que o escritor entende como verídicos).
Portanto, sob os critérios aferidos via questionário, a maioria dos alunos  apresenta baixa ou nenhuma dificuldade para organizar a sequência de ideias para a escrita de um texto. Infere-se que a realização das várias tarefas propostas constituiu um treino eficaz para rememorar aprendizagens e até concretizar alguns ganhos.
No entanto, os itens relativos à formação de novos hábitos tais como consulta a dicionário e gramática (de preferência on line) deverão ainda ser adquiridos em ações futuras voltadas para desenvolver a autonomia da escrita.


Fontes:

BUZAN, Tony. Mapas Mentais e sua Elaboração. São Paulo: Cultrix, 2005.

LODGE, David. A Arte da Ficção. Trad. Bras. Porto Alegre: L& PM Pocket, 2011.

MEROLA, Edna Domenica. De que são feitas as Histórias. Florianópolis: Postmix. 2014. PP 96-99.
_____________________ http://aquecendoaescrita.blogspot.com.br/2014/06/criacao-de-personagens-e-rpg-edna.html

MORENO, J.L. Psicodrama. 2 ed, São Paulo: Cultrix, 1978.
___________  Psicoterapia de Grupo e Psicodrama. Trad. bras. São Paulo: Mestre Jou, 1974.

SCHIER, J. ; ALVAREZ, Ângela Maria; VAHL, E.; GONÇALVES, L. H. T. – 30 Anos NETI: o percurso de um modelo de educação permanente em Gerontologia. Extensio (Florianópolis), v. 10, p. 02-02, 2013.



SENE COSTA, E. Gerontodrama: a velhice em cena. (Estudos clínicos e psicodramáticos sobre o envelhecimento e a terceira idade.). São Paulo: Ágora. 1998.


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