sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Música & Poesia. Edna Domenica Merola.

O presente texto tem por intenção relatar duas aulas do curso Oficinas de Audição de Música Popular e Criação Poética, 2014.2, ministradas pelos professores Alberto Gonçalves e Edna Domenica Merola, no N.E.T.I.
A aula de 21/8/2014 teve por objetivo a apresentação dos alunos por meio de suas escolhas musicais. O foco foi a primeira questão do inventário aplicado anteriormente à primeira aula (enviado e respondido via e-mail), a saber, as memórias musicais sobre a cidade natal. Em sequência, foi aplicado o exercício de imaginação dirigida “Nascimento”. Feito isso, passou-se à etapa de produção de textos. Houve a apresentação dos textos por seus autores por leitura em voz alta.
A aula de 28/8/2014 teve por objetivo apresentar o que é um curso formatado em oficinas. Isso foi elucidado pela apresentação de trabalho acadêmico do professor Alberto Gonçalves e de performance por Edna Domenica Merola de texto de sua autoria (MEROLA, 2014). 
O ensino de poesia, assim como da audição musical deverá recorrer a vivências e experimentações. Dessa forma, poderá ser formatado em oficinas que conjuguem aquelas vivências com a prática de audiência e de escrita.

Uma oficina tem por foco a reflexão sobre a própria prática educativa do participante, o que pressupõe que ele esteja desempenhando o papel em pauta e se disponha a realizar as propostas apresentadas pelos ministrantes e compartilhar com colegas os seus resultados.

A oficina literária é o espaço onde são oferecidas atividades práticas de criação pela palavra escrita, proporcionando novos conhecimentos e vivências. Os textos dos participantes de oficinas literárias devem ser lidos pelo maior número de pessoas que os recursos disponíveis permitirem. Nesse sentido, manter um blog pode ser uma ação inicial valiosa. 
O uso da Internet além de facultar a divulgação das produções docentes e discentes, acrescenta recursos para a pesquisa de acervo musical propiciando um treino interessante da memória imediata e re-significação das histórias de vida.

O professor Alberto Gonçalves apresentou material em vídeo de sua participação no projeto Através do Samba. Como complementação envia aqui, links de trabalhos sobre Lupicínio Rodrigues, de Márcia Ramos de Oliveira, professora da U.D.E.S. C  (cujo campus é em Florianópolis) e coordenadora do projeto Através do Samba: Dissertação: Lupicínio Rodrigues: a cidade, a música, os amigos. Tese: Uma leitura histórica da produção musical do compositor Lupicínio Rodrigues.

Ainda na aula de 28/8/2014, a professora Edna apresentou três produções e seu processo de criação.

1ª. Criação de um poema tendo por mote um verso de letra de música (refrão, título ou verso destacado na memória popular). Ex.: o título do hino ao samba de Edson Gomes da Conceição foi tomado por Epígrafe: “Não deixe o samba morrer” (MEROLA, 2014. PP 32).
2ª. Colagem quebra-cabeça: citação de diversos trechos melódicos sob a forma de versos em paródia. Apresenta o rol de autores das melodias utilizadas na ‘composição da colagem parodiada’ para propor o exercício de reconhecimento do material auditivo elencado, ou seja, dos segmentos melódicos de diversas músicas de diversos compositores e gêneros. A leitura do poema dá pistas apenas para identificar algumas dessas composições. As demais deverão ser identificadas pelas citações melódicas implícitas nas palavras. (MEROLA, 2014. PP 33-34)

 3ª. Apresentação de performance de texto vide link no Blog: NETIATIVO
Postagem: O Compositor me disse pra reunir nossas lembranças dele. Edna Domenica Merola. Link: http://netiativo.blogspot.com/2014/08/o-compositor-me-disse-pra-reunir-nossas.html
Ivan Bach (participante da oficina, dramaturgo, ator e diretor) comentou: "Lindo trabalho o seu, instiga nossa atenção para a diversidade dos temas dos compositores. Melhor ainda foi tua declamação, onde gostaria de destacar o sentimento da declamadora  e as nuances de entonação, dando um sentido lúdico ao texto. E ainda a expressão corporal que ilustrou de maneira incrível o brilhantismo do texto."
Ivan nos brindou com sua produção sobre os temas dessa aula escrevendo sobre o mote: "Apesar de você".Vide no link:
Referências

OLIVEIRA, M. e outros. Projeto Através do Samba. Disponível em
OLIVEIRA, Márcia Ramos. Lupicínio Rodrigues: a cidade, a música, os amigos. Dissertação de Mestrado. Disponível em http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/95054
_________________ Uma leitura histórica da produção musical do compositor Lupicínio Rodrigues. Tese de Doutorado. Disponível em 
http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/96270

MEROLA, Edna Domenica. De que são feitas as Histórias. Postmix: Florianópolis. 2014.

Links relacionados
Sobre a participação  do Prof Alberto Gonçalves nas Oficinas de Criação Literária do NETI, vide o link: http://netiativo.blogspot.com.br/2016/05/memoria-e-musica-aula-do-prof-alberto.html

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

O Compositor me disse pra reunir nossas lembranças dele. Edna Domenica Merola.

Alunos das oficinas de Audição de Música Popular e Criação Poética 2014.2
 responderam a um questionário sobre seus interesses em torno da canção brasileira. Enviaram a seus professores Alberto Gonçalves e para mim. Nossa dupla docente utilizará seus dados no planejamento do curso dado no N.E.T.I. 
Mas não resisti à tentação de me exercitar na escrita de uma colagem. Fiz um recorte de fatos e sentimentos pessoais que permeiam as letras das músicas que constam do inventário de interesse dos alunos da nossa dupla de professores.

O compositor me disse que eu cantasse distraidamente/Essa canção/ Que eu cantasse como se o vento soprasse pela boca/ Vindo do pulmão/E que eu ficasse ao lado pra escutar o vento jogando as palavras/Pelo ar/
Não quero lhe falar/ Das coisas que aprendi/Nos discos/Quero lhe contar como eu vivi/E tudo o que aconteceu comigo/ Viver é melhor que sonhar/Mas também sei/Que qualquer canto/É menor do que a vida/De qualquer pessoa.
E a vida da infância dá saudade... Ah! A infância! La poésie chantait dans l'air/ J'avais une maison de poupée.
Eu daria tudo que eu tivesse/Pra voltar aos dias de criança/Eu não sei pra que que a gente cresce/Se não sai da gente essa lembrança/Eu igual a toda meninada/Quanta travessura que eu fazia/Eu era feliz e não sabia/Que saudade da... minha cidade.
Minha terra tem Palmeiras... Onde canta o sabiá...
Sabiá lá na gaiola fez um buraquinho/
Sabiá que saudade.../Volte logo pra cá./ Sabiá que saudade.../Quero ouvir teu cantar.
Minha terra  tem Palmeiras... Minha terra tem Corinthias, minha terra  tem São Paulo...
Por isso cuidado, meu bem, há perigo na esquina...
Alguma coisa acontece no meu coração/Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João/Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto/Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto/É que Narciso acha feio o que não é espelho/E foste um difícil começo/Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso/Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas/Da força da grana que ergue e destrói coisas belas/Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas/Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços/Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva...
Deuses que se tornaram estéreis nesse inverno de 2014... Deuses a quem o povo clama e grita assim: – Água! Água!Planeta Água.
Água que nasce na fonte serena do mundo/Água que faz inocente riacho/Águas que banham aldeias/E matam a sede da população/Águas que movem moinhos/São as mesmas águas que encharcam o chão/E sempre voltam humildes/Pro fundo da terra/Terra! Planeta Água.
Em Sampa a falta d´água...
É a dose mais forte e lenta/De uma gente que ri/Quando deve chorar/E não vive, apenas aguenta./Mas é preciso ter força/É preciso ter raça/É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca/Mistura a dor e a alegria/
Quem traz na pele essa marca/Possui a estranha mania/De ter fé na vida/Mas é preciso ter manha/É preciso ter graça/É preciso ter sonho sempre/
Um sonho meu:a lua brilhava vaidosa/ De si orgulhosa e prosa com que deus lhe deu... /Senti o canto da noite/Na boca do vento/Fazer a dança das flores/No meu pensamento/Trazer a pureza de um samba/Um samba que mexe o corpo da gente/
E o vento vadio embalando a flor/Ao ver a morena sambando/ Foi se acabrunhando.../ Quem samba na beira do mar é sereia...
Quem traz na pele essa marca/Possui a estranha mania/De ter fé na vida
Com fé eu vou em frente...Com fé eu ando...
Ando devagar/Porque já tive pressa/E levo esse sorriso/Porque já chorei demais/Hoje me sinto mais forte/Mais feliz, quem sabe/Só levo a certeza/De que muito pouco sei/Ou nada sei/Penso que cumprir a vida/Seja simplesmente/Compreender a marcha/E ir tocando em frente/Cada um de nós compõe a sua história/Cada ser em si/Carrega o dom de ser capaz/E ser feliz/Eu vou tocando os dias/Pela longa estrada, eu vou/Estrada eu sou
Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá/O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar/Vamos todos numa linda passarela/De uma aquarela que Descolorirá/
Depois da banda passar cantando coisas de amor/ Eu sou nuvem passageira/Que com o vento se vai/Eu sou como um cristal bonito/Que se quebra quando cai/A lua cheia convida para um longo beijo/Mas o relógio te cobra o dia de amanhã/Por isso agora o que eu quero é dançar na chuva/Sou um castelo de areia na beira do mar.
Coração Poeta!...Deus me deu um coração poeta/E a alma inquieta de um cantor/Pra que eu vigiasse a madrugada/Acordasse o sol e o Beija-Flor/Cantar me faz viver bem mais/Soltar a voz que nem um passarinho/Que ninguém prenderá jamais
Quando eu for embora para bem distante/E chegar a hora de dizer adeus,/Fica nos meus braços só mais um instante;/Dentro do meu coração.

O compositor me disse que eu cantasse ligada no vento/Sem ligar/Pras coisas que ele quis dizer/Que eu não pensasse em mim nem em você/Que eu cantasse distraidamente como bate o coração/E que eu parasse aqui/Assim.

Referências

DIAS, Gonçalves. Canção do Exílio.

ADENDO

Composição
Cantor/ Compositor
O compositor me disse
G. Gil. Elis Regina
Como nossos pais
Elis Regina
F Comme Femme

Salvatore Adamo
Tempos de Criança
Ataulfo alves
Sabiá lá na gaiola voou
Carmélia Alves
Sampa
Caetano Veloso
Guilherme Arantes
Maria Maria
Milton Nascimento.
Elis Regina

Sonho Meu
Maria Betânia
O Mar Serenou
Clara Nunes
Tocando em frente
Renato Teixeira.
Almir Sater
Aquarela
Toquinho
Chico Buarque
Nuvem Passageira
Hermes Aquino
Coração Poeta
Paulinho Tapajós, Chico
Inhana e Cascatinha