terça-feira, 24 de junho de 2014

Interferências X Práticas de Escrita Narrativa. Edna Domenica Merola.

O objetivo deste texto é explicitar como se dá a avaliação dos trabalhos de oficinas que diferem, por princípios e fundamentos, da avaliação de um curso seriado como o do Ensino Médio, por exemplo. No semestre 2014.1, o planejamento da Oficina de Criação Literária do NE.T.I. foi assim esboçado:


Considerando que:
1- As ações realizadas foram voltadas para o ensino da escrita de textos narrativos;
2- Narrar é relatar acontecimentos e fatos reais ou fictícios. É descrever as circunstâncias (tempo e lugar definidos) que envolvem as ações conflitantes e sucessivas entre: personagens X personagens;
3- A organização narrativa compreende uma apresentação (estabelece espaço e tempo), um desenvolvimento (é a complicação da história), um clímax (auge da história ou o momento onde ocorre tensão); finalizando pelo desfecho (esclarecimentos sobre a introdução e o desenvolvimento);
4- É necessário avaliar as interferências processuais realizadas tomando-se por instrumentos também algum produto 'material'. Para avaliar a aprendizagem as interferências docentes sobre o uso da estrutura narrativa foi feito o sorteio de uma redação que pode ser lida ao acessar o link:
Por esses parâmetros e amostra, os conteúdos citados foram plenamente apreendidos.
5- É necessário justificar os objetivos atitudinais, ou seja, explicitar porque os alunos são incentivados a desenvolver determinados hábitos perante a aprendizagem. As Oficinas de Criação Literária tiveram por rotinas: digitação pelos alunos dos próprios textos produzidos; envio do texto digitado para o e-mail da professora que o corrigia e postava no blog NETIATIVO; os alunos deveriam comparar o material postado (corrigido) com sua produção enviada. 
A adoção desse instrumento de trabalho acadêmico teve por justificativa: Lei Número 10741/2003 – Estatuto do Idoso – em seu capítulo V do título II (Direitos Fundamentais). Nessa parte do texto legal sobre os direitos à Educação e Cultura,  o universo vocabular se refere a cursos para idosos, usando as expressões: “técnicas de comunicação”, “computação”, “avanços tecnológicos”. 
Outrossim, um curso para idosos deverá ter por meta a instalação de novos hábitos a saber:  uso do dicionário e da gramática (de preferência consultar on line); reconhecer os itens necessários para publicações convencionais (ficha catalográfica, diagramação das páginas iniciais de livro), produzir e expor textos com frequência em meios digitais.
A avaliação relativa aos hábitos foi aferida após aplicação de um pequeno questionário:
1- Link para leitura : http://netiativo.blogspot.com/2014/06/diario-de-classe-do-primeiro-semestre.html
Frequência de produção de textos no semestre:
( ) escrevo mais que a maioria
( ) escrevo menos que a maioria
( ) escrevo na média
2- Link para leitura:
( ) Escrevi a história que foi pedida sem a ajuda da ficha de RPG
( ) Não escrevi a história pedida, quando foi para usar a ficha
( ) Escrevi a história após preencher a ficha e achei proveitoso
3- Link:
( )Gostei de receber meus textos diagramados, mas não sei colocar os demais no mesmo documento
( )Gostei de receber meus textos diagramados e sei colocar os demais no mesmo documento
( )Não gostei de receber meus textos diagramados
( )Não recebi meus textos diagramados
4- Link:
( ) Tenho hábito de consultar dicionário e gramática após escrever a tarefa de casa
( ) Ainda não criei hábito de consultar dicionário e gramática após escrever a tarefa de casa
( ) Sempre comparo o texto que enviei com o texto corrigido pela professora que é colocado no blog
( ) Tenho hábito de consultar dicionário e gramática após escrever a tarefa de casa
( ) Ainda não criei hábito de compar o texto que enviei com o texto corrigido pela professora que é colocado no blog
5- Link:
Sobre a sequência de ideias na escrita de um texto:
( ) Tenho muita dificuldade
( ) Não tenho dificuldade nenhuma
( ) Varia entre muito e médio conforme proposta da tarefa
( ) Varia entre nenhuma e pouca, conforme proposta da tarefa

Avaliador(a) 1 respondeu que escreve menor quantidade de textos do que a maioria. Utilizou as fichas de RPG para escrever história posteriormente. Gostou de receber seus textos diagramados, mas não aprendeu a colocar os demais no mesmo documento. Não soube salvar na memória de seu computador e perdeu o material, recebendo novamente com explicação para salvá-lo em pen drive. Tem hábito de consultar o dicionário, mas não a gramática. Costuma comparar o texto corrigido pela professora que é colocado no blog. Diz que “ao ser corrigido pela professora fica demais”. Apresenta dificuldade quanto à sequência de ideias na escrita de um texto.

Avaliador(a) 2 respondeu que escreveu menos que a maioria. Não fez a tarefa sobre as fichas de RPG.
Aprendeu a colocar os textos novos no livreto modelo diagramado pela professora. Ainda não criou hábito de comparar os textos que envia com o texto corrigido pela professora e que é colocado no blog. Tem hábito de consultar dicionário e gramática após escrever os textos. Conforme a proposta da tarefa, apresenta pouca ou nenhuma dificuldade quanto à organização da sequência de ideias na escrita de um texto.

Avaliador(a) 3 respondeu que escreve menos que a maioria. Escreveu a história após preencher a ficha e achou proveitoso. Gostou de receber seus textos diagramados, mas não aprendeu a colocar os demais no mesmo documento. Ainda não criou hábito de consultar dicionário e gramática após escrever a tarefa de casa. Ainda não criou hábito de comparar seu texto original com o texto corrigido pela professora que é colocado no blog.
Conforme a proposta da tarefa, apresenta média ou muita dificuldade quanto à organização da sequência de ideias na escrita de um texto.

Avaliador(a) 4 respondeu que escreveu na média da turma. Não fez a tarefa pedida, quando foi para usar as fichas de RPG. Gostou de receber seus textos diagramados, mas não aprendeu a colocar os demais no mesmo documento. Não possui hábito de consultar o dicionário e gramática após redigir um texto. Sempre compara o texto que envia com o texto corrigido pela professora e que é colocado no blog. Não apresenta nenhuma dificuldade quanto à sequência de ideias na escrita de um texto.

Avaliador(a) 5 respondeu que escreve em quantidade média. Utilizou as fichas de RPG para redigir uma história. Gostou de receber seus textos diagramados, mas não sabe colocar os demais no mesmo documento. Tem hábito de consultar dicionário e gramática após escrever textos. Não apresenta nenhuma dificuldade quanto à sequência de ideias na escrita de um texto.

Avaliador(a) 6 respondeu que escreve na média, não se beneficiou da ficha de RPG, gostou de receber textos diagramados, mas não aprendeu a colocar os demais no mesmo documento. Não tem hábito de consultar dicionário e gramática e nem de comparar o texto corrigido pela professora com seu original. Conforme a proposta da tarefa, apresenta pouca ou nenhuma dificuldade quanto à organização da sequência de ideias na escrita de um texto.

Avaliador(a) 7 respondeu que escreve na média. Não utilizou as fichas de RPG para escrever uma história. Ainda não desenvolveu hábito de consultar dicionário e gramática após escrever a tarefa de casa e nem de comparar com o texto corrigido pela professora e que é colocado no blog. Conforme a proposta da tarefa, apresenta pouca ou nenhuma dificuldade quanto à organização da sequência de ideias na escrita de um texto. 

Avaliador(a) 8 respondeu que escreve menos que a maioria. Não fez a tarefa sobre as fichas de RPG. Gostou de receber textos diagramados, mas não conseguiu colocar os textos posteriores no mesmo documento. Tem hábito de consultar dicionário e gramática após escrever a tarefa de casa. Sempre compara o texto que envia com o texto corrigido pela professora (que é colocado no blog). Conforme a proposta da tarefa, apresenta pouca ou nenhuma dificuldade quanto à organização da sequência de ideias na escrita de um texto.

SÍNTESE
Quanto à frequência de produção de textos no semestre, houve um viés grande de respostas ao comparar com o número efetivo de textos produzidos, com tendência a subestimar a quantidade realmente produzida. Infere-se que será necessário trabalhar mais as ações realizadas após a escrita em seus significados práticos e existenciais.
O uso de fichas de R.P.G. para criar ficção em literatura foi útil no preparo que antecede a escrita organizada do texto para 60 % dos autores da tarefa. 
Um livreto personalizado (produção de cada aluno) foi diagramado e oferecido pela professora aos alunos de sua turma. Foi bem aceito: 100 % dos alunos avaliadores responderam que gostaram de receber seus textos diagramados pela professora como modelo. Mas 87,5 % não soube incluir textos escritos posteriormente no mesmo documento do word recebido. Portanto, a resposta para uma atividade docente de preparo demorado não surtiu o efeito didático proporcional esperado.
A preocupação com aspectos da escrita normativa é rebaixada, provavelmente devido aos hábitos do uso de dicionários e gramáticas não estarem devidamente implantados na clientela, até o momento. Outro hábito ainda não praticado é o da conferência após a publicação no blog. (Deve ser imediata e praticada pelo próprio autor responsável legal por tudo aquilo que escreve, principalmente quando se tratar de fatos que o escritor entende como verídicos).
Portanto, sob os critérios aferidos via questionário, a maioria dos alunos  apresenta baixa ou nenhuma dificuldade para organizar a sequência de ideias para a escrita de um texto. Infere-se que a realização das várias tarefas propostas constituiu um treino eficaz para rememorar aprendizagens e até concretizar alguns ganhos.
No entanto, os itens relativos à formação de novos hábitos tais como consulta a dicionário e gramática (de preferência on line) deverão ainda ser adquiridos em ações futuras voltadas para desenvolver a autonomia da escrita.


Fontes:

BUZAN, Tony. Mapas Mentais e sua Elaboração. São Paulo: Cultrix, 2005.

LODGE, David. A Arte da Ficção. Trad. Bras. Porto Alegre: L& PM Pocket, 2011.

MEROLA, Edna Domenica. De que são feitas as Histórias. Florianópolis: Postmix. 2014. PP 96-99.
_____________________ http://aquecendoaescrita.blogspot.com.br/2014/06/criacao-de-personagens-e-rpg-edna.html

MORENO, J.L. Psicodrama. 2 ed, São Paulo: Cultrix, 1978.
___________  Psicoterapia de Grupo e Psicodrama. Trad. bras. São Paulo: Mestre Jou, 1974.

SCHIER, J. ; ALVAREZ, Ângela Maria; VAHL, E.; GONÇALVES, L. H. T. – 30 Anos NETI: o percurso de um modelo de educação permanente em Gerontologia. Extensio (Florianópolis), v. 10, p. 02-02, 2013.



SENE COSTA, E. Gerontodrama: a velhice em cena. (Estudos clínicos e psicodramáticos sobre o envelhecimento e a terceira idade.). São Paulo: Ágora. 1998.


quinta-feira, 12 de junho de 2014

Palestra do Prof Alberto Gonçalves sobre a obra Leite Derramado. Relatório feito por Edna Domenica Merola.

A palestra sobre o livro Leite Derramado (Chico Buarque de Holanda) proferida em 12/6/2014, no auditório do N.E.T.I. levou os presentes a indagações em torno de temas polêmicos sobre a recepção literária:
‒ As interpretações em torno da expressão 'leite derramado';
‒ As linhas divisórias (ou não) entre escritor e narrador; entre narrador personagem e personalidade 'pública'
Após a palestra, pesquisei definições dos termos para expor aos leitores:
es•cri•tor |ô| substantivo masculin. 1. Autor de obras literárias ou científicas (com relação ao estilo, à forma que emprega).
escritor público
• Literato de profissão.
"escritor", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/escritor [consultado em 14-06-2014].
nar•ra•dor |ô| nar•ra•dor |ô| (latimnarrator, -oris) adjectivo
1. Que narra.
substantivo masculino
2. Aquele que narra.
3. [Literatura] Entidade ficcional que produz o discurso de uma narrativa (ex.: narrador autodiegético, narrador heterodiegético, narrador homodiegético).
"narrador", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/narrador [consultado em 14-06-2014].
per•so•na•gem (francês personnage) substantivo feminino ou masculino
1. Pessoa fictícia de uma obra literária ou teatral.
2. Papel desempenhado por um ator.
3. Pessoa considerada .em sua aparência, .em seu comportamento.
4. [Belas-artes] [Belas-Artes] Representação de um ser humano numa obra de arte.
personagem influente 
• Pessoa importante ou célebre.
"personagem", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/personagem [consultado em 14-06-2014].
‒ Relação do título da obra e sua forma em 'leite derramado';
Ao final da aula a tarefa sugerida por pessoas do grupo e combinada entre todos foi escrever sobre o tema 'leite derramado'. (Criando um título diferente da expressão 'leite derramado'). Qual a diferença entre tema e título? Leiamos suas definições:
tí•tu•lo 
(latim titulus, -i, inscrição, título de um livro, título honorífico, honra)
substantivo masculino
1. Inscrição posta na primeira página de um livro ou no alto de um jornal e que lhes serve de nome ou designação.
2. Inscrição na lombada de um livro encadernado.
3. Designação que no começo de um capítulo ou de uma seção indica o assunto ou matéria que ali se trata.
"título", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/t%C3%ADtulo [consultado em 15-06-2014].
te•ma |ê|
(latim thema, -atis, tema, assunto, tese)
substantivo masculino
1. Assunto, matéria.
"tema", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/tema  [consultado em 15-06-2014].

Estrutura narrativa de Leite Derramado e a repetição;
A estruturação narrativa é a da rapsódia: justaposição de escassa unidade formal de temas conhecidos que se caracteriza por ter apenas um movimento, mas podendo integrar fortes variações de tema, intensidade, tonalidade, sem necessidade de seguir uma estrutura pré-definida.
E- Projeções da vida pessoal do narrador X retrato social;
E qualquer coisa que eu recorde agora, vai doer, a memória é uma vasta ferida.[Leite Derramado, cap. 2]
A memória é deveras um pandemônio, mas está tudo lá dentro, depois de fuçar um pouco o dono é capaz de encontrar todas as coisas. Não pode é alguém de fora se intrometer, como a empregada que remove a papelada para espanar o escritório. Ou como a filha que pretende dispor minha memória na ordem dela, cronológica, alfabética, ou por assunto. [Leite Derramado, cap. 8]

‒ Música Francisco e Livro Leite Derramado (ambos de Chico Buarque)
Letra da Música
Já gozei de boa vida
Tinha até meu bangalô
Cobertor, comida
Roupa lavada
Vida veio e me levou
Fui eu mesmo alforriado
Pela mão do Imperador
Tive terra, arado
Cavalo e brida
Vida veio e me levou
Hoje é dia de visita
Vem aí meu grande amor
Ela vem toda de brinco, vem
Todo domingo
Tem cheiro de flor
Quem me vê, vê nem bagaço
Do que viu quem me enfrentou
Campeão do mundo
Em queda de braço
Vida veio e me levou
Li jornal, bula e prefácio
Que aprendi sem professor
Frequentei palácio
Sem fazer feio
Vida veio e me levou
Hoje é dia de visita
Vem aí meu grande amor
Ela vem toda de brinco, vem
Todo domingo
Tem cheiro de flor
Eu gerei dezoito filhas
Me tornei navegador
Vice-rei das ilhas
Da Caraíba
Vida veio e me levou
Fechei negócio da China
Desbravei o interior
Possuí mina
De prata, jazida
Vida veio e me levou
Hoje é dia de visita
Vem aí meu grande amor
Hoje não deram almoço, né
Acho que o moço até
Nem me lavou
Acho que fui deputado
Acho que tudo acabou
Quase que
Já não me lembro de nada
Vida veio e me levou

Comentário sobre três versos da letra da música Velho Francisco:
Me tornei navegador
Vice-rei das ilhas
Da Caraíba

Caraíbas estava em evidência em notícias sobre 'Paraísos Fiscais' à época da publicação do livro Leite Derramado, em 2009.
Em 20/5/2010, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) retirou três paraísos fiscais das Caraíbas da lista "de territórios não cooperativos".
As ilhas Dominica, Grenade e Santa Lúcia assinaram pelo menos 12 acordos bilaterais de troca de informação fiscal cada uma, ou seja, o limiar necessário para serem retiradas da lista negra dos paraísos fiscais da OCDE. De acordo com o comunicado, "eleva-se para 28 o número de órgãos jurisdicionais" que foram branqueados "desde Abril de 2009", quando as listas de paraísos fiscais foram publicadas pela OCDE na sequência da cimeira do G20 de Londres, onde foi discutida a regulação e a luta contra a fraude fiscal, uma das prioridades face à crise.

REFERÊNCIAS

Escolha do Tema
Excelente
Muito bom
Bom
Regular
X
Justificativa
Interessante, apesar de focar num único autor e obra específica. Soube acrescentar elementos que destacassem o tema.
Envolvimento das pessoas presentes com o tema da palestra
Excelente
Muito bom
Bom
Regular
X
Justificativa
Grupo participativo, interessado. Professor apresentador muito bom, didático, calmo, demonstrando grande conhecimento sobre o assunto, bem como admiração pelo autor em pauta.
Relação do tema com as aulas de escrita literária
Excelente
Muito bom
Bom
Regular
X
Justificativa: De acordo, pois a escrita literária tem a ver com estilos e autores. Ampliou o universo cultural e autoral do grupo.
Avaliador 2
Escolha do Tema
Excelente
Muito bom
Bom
Regular
X

Justificativa
Chico é um dos baluartes de nossa música. Inteligente, poeta, ‘político’ em diversas artes. Sempre fui seu fã.
Envolvimento das pessoas presentes com o tema da palestra

Excelente
Muito bom
Bom
Regular
X

Justificativa 90% participou.

Relação do tema com as aulas de escrita literária

Excelente
Muito bom
Bom
Regular
X

Justificativa
Apropriado. Excelente escolha.

Avaliadora 3
Escolha do Tema
Excelente
Muito bom
Bom
Regular
X
Tive a felicidade de fazer parte do encontro com o Jovem Professor Alberto, que, conduziu maravilhosamente a Palestra sobre Chico Buarque de Holanda. Sua voz me trouxe ao vivo e a cores os melhores momentos que vivi na minha mocidade e que hoje, graças à Oficina de Escrita Literária - N.E.T.I., valorizo e aprendo muito. Gosto de participar e de ocupar o pouco do tempo que tenho disponível, participando e crescendo culturalmente.
Além de admirar este grande autor de muitas músicas populares brasileiras. Curto também, seu jeito de escrever e narrar seus livros. Só tenho a agradecer.
Envolvimento das pessoas presentes com o tema da palestra
Excelente
Muito bom
Bom
Regular
X
Justificativa
Senti que toda a turma participou intensamente dialogando com o Professor. Foi um assunto muito bem elaborado e que agradou muito a todos que ali estavam presentes.
Relação do tema com as aulas de escrita literária
Excelente
Muito bom
Bom
Regular
X
Justificativa
Muito importante. Estamos trabalhando sobre este assunto: 'Narrador' 'Autor' 'Escritor'.

Avaliadora 4
Escolha do Tema
Excelente
Muito bom
Bom
Regular
x
Justificativa
Autor próximo ,e sem dúvida um grande nome da nossa literatura.
Envolvimento das pessoas presentes com o tema da palestra
Excelente
Muito bom
Bom
Regular
x
Justificativa
As pessoas se sentiram encorajadas e as intervenções foram pertinentes com as aulas de escrita literária.
Excelente
Muito bom
Bom
Regular
x
Justificativa
Tudo a ver com quem gosta de escrever e quer aprender sobre construção da escrita narrativa em primeira pessoa com o requinte da inteligência e estilo.
Avaliadora 5: "foi bem interessante e o [Professor] Alberto foi muito bem em conduzir o seminário." [Professora Edna, responsável pela Oficina de Criação Literária, tu] "estas de parabéns em tê-lo chamado a nos dar mais esse aprendizado."

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Diário de Classe do Primeiro Semestre de 2014 da Oficina de Criação Literária do N.E.T.I. - Edna Domenica Merola

Crédito da foto: Edna Domenica Merola











Esse texto registra ações pedagógicas e sua interferência na prática da escrita dos alunos. Os adendos I e II  detalham duas ações pedagógicas efetuadas. O adendo III traz o instrumento de avaliação utilizado nas oficinas de Criação Literária do N.E.T.I. - no primeiro semestre de 2014. O adendo IV traz textos produzidos por grupos de alunos: Ligando Histórias; Rosas e Roserais de Outono; União e Ações: Gerando Mudanças; Para onde caminha a educação?; Aquecendo a Escrita no Solstício de Inverno; Coletânea Entre Grãs Sementes; Sobre o Outono. Foram produzidos 87 títulos em apenas 12 aulas pela pequena e ativa turma. Muito esforço foi realizado em casa ao fazer as tarefas propostas no curso. 
As estratégias de ensino das Oficinas de Criação Literária, em 2014.1, foram diversificadas: ouvir exposições e realizar tarefas de casa sobre elas; escrever textos individualmente após ouvir instruções na aula; escrever textos em grupo na sala de aula; comentar por escrito textos de colegas, fazer leitura silenciosa; leitura jogral, ouvir leitura e compartilhar a compreensão; criar pequena representação sobre leitura efetuada. Atividades orais dos alunos: a- Seminários: mito de Perséfone, biografia de personagem histórico, resenha e comentário de uma obra literária, exposições sobre foco narrativo. b- Apresentação do Jogral Olha o Pão de Maria. c- Leitura dos próprios textos em sala de aula. d- Diálogo com o professor Alberto Gonçalves, mestre em Literatura, que proferiu palestra sobre o livro O Leite Derramado, de Chico Buarque de Holanda.  Atividades escritas pelos alunos: produção de narrações.
As ações docentes foram voltadas para o ensino de técnicas de escrita de textos narrativos. As oficinas do semestre tiveram por meta explicitar que narrar é relatar acontecimentos e fatos percebidos como reais ou fictícios. É definir tempo e lugar ou descrever as circunstâncias que envolvem as ações conflitantes e sucessivas entre personagens. As interferências feitas pela professora focaram os itens:
‒ Estrutura Narrativa (apresentação, desenvolvimento, clímax, desfecho).
‒ Narrador: diferenciação entre autor e narrador; construção do narrador.
‒ Foco Narrativo: narrativa em primeira pessoa (personagem narrador), narrativa em terceira pessoa.
‒ Construção de Personagem pautado em personalidades da cultura brasileira da década de 60 do século XX. (Produção de conto).
‒ Construção de Personagem de Ficção utilizando ficha de RPG - jogos de representação de papeis.

Mapa dos instrumentos da escrita da narração (MEROLA, 2014)


ADENDO I - Estrutura Narrativa
Uma narração tem as seguintes partes: apresentação, desenvolvimento, clímax e desfecho.
‒ Apresentação: estabelece espaço e tempo.
‒ Desenvolvimento: é a complicação da estória.
‒ Clímax: é o auge da história ou o momento onde ocorre suspense e tensão.
‒ Desfecho: esclarecimentos finais sobre a introdução e o desenvolvimento.

Perceba as partes da estrutura narrativa do texto Bombeiro Valente de Cleusa Terezinha Ortiz:

(Apresentação)
O dia amanheceu cinzento, com muitas nuvens, anunciando um dia de chuva e muito trabalho.
O relógio cuco tocara 6horas... Amanhecera. Ouvi meu menino, agora homem feito, arrumando-se (mais uma vez) para ir para sua rotina no quartel, onde era bombeiro.
(Desenvolvimento)
Nasceu e se criou na linda ilha de Florianópolis, seu sonho desde menino era ser bombeiro; filho mais novo de seis irmãos.
Ele se chamava Jorge, nome que gostava, pois tinha fé que São Jorge sempre o protegia; era seu herói.
Sua esposa sempre o apoiava, e dava-lhe forças quando saía para sua missão: a de proteger e ajudar o próximo. Era muito comunicativo, gostava de ajudar, acalmar a dor daqueles que dele precisavam, estava sempre atento; com todos os sentidos aguçados para bem olhar para o seu semelhante.
Homem de muitos valores, senso de justiça, amor ao próximo, e ao que fazia; gostava muito de futebol. Seu time – o Corinthians – muito vezes o levava ao delírio: tamanha sua paixão!
Amava sua profissão, dela tinha orgulho. Quando em dificuldades rezava e pedia a São Jorge que o socorresse, pois tinha uma fé muito viva e forte.
Jorge também tinha poderes como: manusear armas com cuidado e precisão, após usá-las guardava-as com muito jeito, para não danificá-las. Seus equipamentos pessoais eram bem conservados.
(Clímax)
Naquele dia fatídico, Jorge enquanto esteve à frente do quartel procurou defender, auxiliar a comunidade; os colegas, e principalmente cumprir o que prometera no dia de sua formatura.
(Desfecho)

O relógio cuco tocara 6 horas... Mas escurecera. Nunca mais ouvi meu menino, agora homem feito, arrumando-se (outra vez) para ir para sua rotina no quartel, onde foi bombeiro.

ADENDO II - Fichas de RPG para a Construção de Personagem de Ficção. (MEROLA, 2014).
I- Rol de questões para a Criação do Personagem
1-Fase anterior a tornar-se super-herói
Local e data de nascimento.
Histórico familiar e afetivo.
Como se comunica?
Como se relaciona?
Quais são seus valores?
O que ama? O que o motiva?
Quais são seus ideais?
O que conquistou para si? .
O que fez para a comunidade?
Desempenha uma profissão? Qual?

2-Fase de super-herói
2.1- Atributos
Saúde:
Capacidade de percepção e acuidade dos sentidos da audição, da visão, do olfato e outras.
Capacidade de interagir com pessoas:
Capacidade de suportar pressões psicológicas:
Força:
Agilidade:
Inteligência:
Capacidade de superação de condições ambientais adversas:
Capacidade de domínio dos elementos água, terra, fogo e ar:
Ética.
2.2- Habilidades
Habilidade de negociar, de dialogar, de convencer:
Habilidade de abster-se (jejuar, meditar, etc.):
Destrezas: escalar, nadar, domesticar animais...
2.3- Talentos
Habilidade de locomoção e interação no ambiente:
Resistência às temperaturas baixas ou altas:
Bens materiais acumulados:
Quantidade e qualidade de aliados:
Bens espirituais acumulados:
Grande eficiência em algum tipo de perícia:
2.4- Posse e manuseio de equipamentos
Mapas, Anotações, armas, escudos, objetos raros ou mágicos; lanterna, tocha; água, comida, cordas, etc.:

REFERÊNCIA
MEROLA, Edna Domenica. De que são feitas as Histórias. Florianópolis: Postmix. 2014. PP 96-99.
MEROLA, Edna Domenica. Jogo de Imaginação & RPG (Role Playing Game) na Criação de Personagem de Ficção em Oficina para maiores de 60. Sábado, 7 de junho de 2014. Disponível em


ADENDO III- Instrumento de Avaliação
Para analisar a possível pertinência das ações do semestre foi usado questionário conforme segue:
RELEIA O TEXTO DO LINK  e assinale:
Frequência de produção de textos no semestre:
(  ) escrevo mais que a maioria
(  ) escrevo menos que a maioria
(  ) escrevo na média
2- Link para leitura:
(  ) Escrevi a história que foi pedida sem a ajuda da ficha de RPG
(  ) Não escrevi a história pedida, quando foi para usar a ficha
(  ) Escrevi a história após preencher a ficha e achei proveitoso
3- Link:
(  ) Gostei de receber meus textos diagramados, mas não sei colocar os demais no mesmo documento
(  ) Gostei de receber meus textos diagramados e sei colocar os demais no mesmo documento
(  ) Não gostei de receber meus textos diagramados
(  ) Não recebi meus textos diagramados
4- Link:
(  ) Tenho hábito de consultar dicionário e gramática após escrever a tarefa de casa
(  ) Ainda não criei hábito de consultar dicionário e gramática após escrever a tarefa de casa
( ) Sempre comparo o texto que enviei com o texto corrigido pela professora que é colocado no blog
(  ) Tenho hábito de consultar dicionário e gramática após escrever a tarefa de casa
(  ) Ainda não criei hábito de comparar o texto que enviei com o texto corrigido pela professora que é colocado no blog
5- Link:
Sobre a sequência de ideias na escrita de um texto:
(  ) Tenho muita dificuldade
(  ) Não tenho dificuldade nenhuma
(  ) Varia entre muito e médio conforme proposta da tarefa
(  ) Varia entre nenhuma e pouca, conforme proposta da tarefa

ADENDO IV- Rosas e Roserais de Outono

Minha Roseira. Cleusa Terezinha Ortiz Ribeiro

Creio eu, ser uma roseira bem cuidada, como aquela ali plantada debaixo de minha janela. Vejo-a todos os dias, viçosa, poucos espinhos e com raízes profundas que alimentam todas aquelas flores coloridas, tão coloridas que nos enchem os olhos de admiração e agradecimentos a Deus por sua presença tão próxima a mim. Suas folhas verdes brilhantes, seu tronco bem formado e forte o que a eleva cada dia a crescer ainda mais linda. Cada cor representa uma mudança em mim, procuro estar sempre viva para a vida, para meus amigos, para enfrentar o dia a dia; e poder cuidar dela até que as flores pereçam, mas a roseira fica ali, para na próxima estação eu cuidar dela novamente.

Eu me conheço? Eslavia  Hugentobler  ( Lalah )

O jardim é rico. Tem a riqueza das coisas criadas por DEUS e que são destinadas a fazer o bem aos que conseguem desfrutar verdadeiramente    do que há disponível. Existem plantas variadas, algumas produzem flores, outras não; essas outras dão sombra, ou apenas somam cores na paisagem preenchendo o ambiente onde existem. Crescem também roseiras, sou talvez uma delas, preferencialmente carregada de rosas amarelas, que podem passar por vários tons e, por vezes parecerem bem desbotadas. Em algum período as flores caem, mas sobram as folhas, que vão emprestando temporariamente, aspecto saudável à planta encobrindo seus espinhos e revelando no verde intenso uma base sólida em raiz bem nutrida e profunda. As folhas também mudam; pegam ferrugem e até secam e também caem, mas mesmo em tronco desnudo a roseira continua sendo roseira, e logo florescerá novamente.


Assim como Você. Sandra Lúcia (Salu)

Eu sou uma roseira que floresço rosas cor de rosa, assim como você.
Sou um tipo arbusto, com um tronco grosso e firme, onde as raizes procuram se agarrar bem ao solo, a fim de poder se firmar bem para aguentar o peso de todos os galhos com suas inúmeras folhas e seus lindos botões de rosas rosa que ou estão em flor ou florescerão.
Essa roseira fica no jardim da vida e esta à disposição de quem quer veêla sentir seu toque e também sentir seu delicioso perfume!
Adoro aroma de rosas!

As Rosas. Maria de Jesus Barreto da Fonseca.

Amo as rosas. Dentre todas as flores são as minhas preferidas. Já tive o privilégio de ter no jardim espécies de variadas cores. Quantas lições aprendi, com elas!
Algumas vezes, no fim do dia ficava a admirá-las e a refletir... Como me sentiria se fosse uma roseira? Primeiro teria de decidir: que tipo de roseira seria. Creio que seria uma trepadeira, dessas bem simples de variadas cores, que se espalham mansamente, cobrindo muros, casas, gazeios, etc.. Criando vivacidade e beleza em locais diversos, colorindo a paisagem. Mas, esse tipo de rosa requer a colaboração humana para prendê-la em suportes, telas, arcos ou de outras árvores para distribuir sua beleza. Com ajuda realiza o que parece ser seu objetivo: levar beleza onde esteja. Quando o vendo a faz dançar, as rosas parecem crianças sorrindo felizes. Em geral seu perfume é suave, discreto. Nada nela é ostentação. Apenas vive expressando a beleza que recebeu de Deus. Quando chove as gotas que nelas ficam parecem diamantes. Porém, como todas as roseiras precisam de sol para florir. Apesar de admirar todas as rosas, minha preferida é a Rosa Chá, cuja coloração rosa claro me encanta, todavia eu se fosse uma roseira, seria uma trepadeira. Por quê? Talvez por correr menor risco de ser cortada e levada para dentro de casa ou, poder olhar com admiração as outras rosas e flores, do alto em que fica; pode admirar a paisagem e observas os humanos, não sei ao certo. As trepadeiras, em geral pequenas em cachos e com coloridos diversos, recebem os primeiros raios de sol e a noite, podem olhar as estrelas antes de dormir. Amanhecem agradecendo o novo dia e dormem gratas pelo que viveram.

Uma roseira especial. Lourdes Thomé.

Eu vi uma roseira tão bela; alta, esbelta como só ela. As verdes folhas escondiam os espinhos que a protegiam. Ela estava coberta de botões, ainda a se transformarem em flor, contrastando com a plenitude das rosas abertas, num tom rosado, até matizado com branco. A sua imponência sobressaía sobre os canteiros do parque. Não sei por que ao contemplá-la considerei-a especial, entre tantas que naquele jardim afloravam. Pensei, talvez, ao fitá-la tenha concentrado minha atenção em sua duplicidade de cores. Aquela planta era peculiar, mas qual a razão de sua especialidade? Em reflexão, veio-me a resposta: o atributo particular fora eu quem lhe conferia, ao concentrar meu olhar em sua beleza. Aquela roseira era especialíssima na medida em que eu assim determinara e ao elegê-la a minha preferida, eu sintonizei com a sua presença.


Referências

LODGE, David. A Arte da Ficção. Trad. Bras. Porto Alegre: L& PM Pocket, 2011.

MEROLA, Edna Domenica. De que são feitas as Histórias. Florianópolis: Postmix, 2014.

____________________Inserção de personalidades da cultura brasileira na narrativa ficcional. Disponível em http://netiativo.blogspot.com/2014/05/insercao-de-personalidades-da-cultura.html
____________________Narrar pressupõe escolhas. Disponível em