terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Comentário sobre a poesia de Irmã Andréa. Edna Domenica Merola.

Falar da poesia de Irmã Andréa é tocar nos rastros que seguem em busca de Deus. Mas não dos rastros de peregrinos aflitos ou sofridos.  O andar poético dela é ameno e cabível, posto que humano. E é assim  que nos convida a pensar no que ela menciona. Seu estilo exclui o proselitismo, mas abarca a simplicidade que cativa.
Ao procurarmos a poetisa, encontramos a filósofa. Ao procurarmos a religiosa encontramos a pessoa que expõe sua alegria e segurança em sua jornada terrestre. Um bem-te-vi, flores, uma palmeira ancestral e o movimento humano foram cantados nos versos sob os títulos: O Sorriso das Flores; A Margarida Flor; Palmeira Fiel; O Bem-te-vi e sua Obra; O Tai chi da Natureza.
Mas meu poema favorito é o que irmã Andréa deu o título de O Meu Espelho. Desde o título remonta aos grandes temas dos grandes autores. No Fausto de Goëthe o espelho que lemos nos mostra 'duas almas' em conflito que habitam um só corpo. Já no espelho de Irmã Andréa lemos integração. 
Mostro primeiro a minha leitura sobre o poema cujo texto se encontra no final desta 'postagem'.
O poema O Meu Espelho tem oito estrofes. A primeira estrofe anuncia o tema: ver com o coração.
As demais estrofes descrevem sete desdobramentos do ser que quer se abrir àquela experiência.
O primeiro desdobramento é o do ser que se compadece. O segundo é o do ser que habita um corpo.
O terceiro é o do ser que se reconhece como criatura de Deus.
O quarto é o do ser que pratica a autenticidade.
O quinto é o do ser que doa amor materno.
O sexto é o do ser que pratica a reflexão para se avaliar.  O sétimo é o do ser que pratica o autoconhecimento.

Há uma crendice de que espelhos não devem ser compartilhados... 
Como não compartilho dessa crendice, usei o espelho de Irmã Andréa para compartilhar fraternalmente essa metáfora do olhar cristão que li nos versos dela que transcrevo a seguir:


POEMA O MEU ESPELHO. 
                             Irmã Andréa (Divina Providência)

Olhei no meu espelho
E chamou-me a atenção:
Que não devo ver só com os olhos
Mas também com o coração.

Senhor, que meus olhos só
Transmitam bondade e compaixão
E trazem para mim
A Paz do coração

Os traços do meu rosto
São como você quer
Você me fez assim,
Você me quis mulher.

De novo olhei meu rosto,
Olhei com muito amor
E descobri que o Artista
És tu, meu Bom Senhor!
  
O espelho é verdadeiro
Olhando nele me diz
Se estou chateada e triste
Ou alegre e feliz!

Há muito tempo me falaram
Até marquei no meu caderno
Que cada rosto de mulher
Era rosto de Deus materno.

Meu espelho, por favor,
Tu me avisas: sim ou não...
Quando ando no caminho
Nesta vida contra mão.

Eu não vendo meu espelho
Nem por nada deste mundo
Por que ele me ajuda
A encontrar-me mais a fundo!