segunda-feira, 4 de maio de 2015

A Capacidade de Amar. Bernadete Viana Silva.

Joaquim e Luiza fazem um curso de crescimento pessoal numa extensão Universitária dedicada a estudos de Gerontologia.
Conversando descobriram muitos interesses em comum. São preocupados em manter uma mente produtiva e principalmente não perder a capacidade de amar, desde pessoas até elementos do meio ambiente.
Sentados numa praça, desfrutando o entardecer, conversam:
– Luiza, ando pensando se a humanidade esta evoluindo na sua capacidade de se relacionar socialmente ou regredindo?
– Ora, Joaquim, esta preocupação ocupa quase todos os bate-papos. Discute-se o comportamento das crianças, dos jovens, das mulheres, dos homens frente aos novos tempos, diga-se a tecnologia da informação e as atitudes decorrentes disto.
– Concordo, Luiza, mas penso que na sua essência o homem não mudou porque o que impulsiona a humanidade é a sua capacidade de amar, mesmo os loucos nos seus delírios buscam formas de amor.
– Nesse ponto, Joaquim, discordo de você. Acho que amar é perceber as necessidades do outro e aceitá-las. E amar o próximo como a si mesmo. O louco é egocêntrico por excelência. Não enxerga a realidade, vivendo só as suas fantasias.
– Reconheço, Luiza, que você tem certa razão, mas o louco se perde juntamente porque tem uma entrega total, perdendo a sua essência, ficando a deriva, e nessa entrega rompe os limites da autopreservação e busca obsessivamente encontros, desejos impossíveis.

– Nossa! Joaquim, você deu um nó na minha cabeça. Vamos tomar uma cervejinha para espairecer e não ficarmos loucos com este emaranhado de ideias.

A CAPACIDADE DE AMAR.
Texto escrito por Bernadete Viana Silva.

Joaquim
– Luiza, ando pensando se a humanidade esta evoluindo na sua capacidade de se relacionar socialmente ou regredindo?
Luiza
– Ora, Joaquim, esta preocupação ocupa quase todos os bate-papos. Discute-se o comportamento das crianças, dos jovens, das mulheres, dos homens frente aos novos tempos, diga-se a tecnologia da informação e as atitudes decorrentes disto.
Joaquim
– Concordo, Luiza, mas penso que na sua essência o homem não mudou porque o que impulsiona a humanidade é a sua capacidade de amar, mesmo os loucos nos seus delírios buscam formas de amor.
Luiza
– Nesse ponto, Joaquim, discordo de você. Acho que amar é perceber as necessidades do outro e aceitá-las. E amar o próximo como a si mesmo. O louco é egocêntrico por excelência. Não enxerga a realidade, vivendo só as suas fantasias.
Joaquim
– Reconheço, Luiza, que você tem certa razão, mas o louco se perde juntamente porque tem uma entrega total, perdendo a sua essência, ficando a deriva, e nessa entrega rompe os limites da autopreservação e busca obsessivamente encontros, desejos impossíveis.
Luiza
– Nossa! Joaquim, você deu um nó na minha cabeça. Vamos tomar uma cervejinha para espairecer e não ficarmos loucos com este emaranhado de ideias.

Texto para Teatro. Adalberto Martins e outros.

 Autores:
Adalberto Martins, Lourdes Thomé, Maria Helena Fritzen, Nestor José Rech 

(Cenário: cadeiras colocadas em semicírculo. Os personagens ocupam as cadeiras.).

Personagem 1:

O que é estrutura? Tanta gente fala que tal pessoa é desestruturada; outras dizem que aquela aguenta tudo, tem estrutura. O que você acha disso?

Personagem 2:

– Estrutura é o comportamento social da pessoa, conivente com o respeito às regras do coletivo. Pessoas estruturadas não se dispersam, alcançam seus objetivos, não exageram na emoção ou na razão.

Personagem 3:

As pessoas sempre buscam o equilíbrio mental e psicológico ao conviver com a família, a sociedade e até mesmo com os animais. E, em especial, o convívio com Deus. O equilíbrio é a integração entre corpo, alma e espírito. 

Personagem 1:


– O que é equilíbrio? Tanta gente fala que tal pessoa é desequilibrada porque sofreu muito na vida; outras dizem que aquela é equilibrada, porque controla bem o ambiente: é uma vencedora, tem firmeza. O que você acha disso?


Personagem 4:

– Equilíbrio é andar em cima de uma corda bamba. Onde de um lado estão os estressados e do outro os alienados. O sofrimento nos faz entender o outro. O ambiente nos molda e a vitória é relativa ao objetivo de cada um.

Personagem 1:

– E você? Como define?

Personagem 5:

– Equilíbrio é uma medida de sensatez, onde ambos os lados dos problemas, eventos, fatos são pesados, extraindo-se daí uma alternativa que atenda aos interesses comuns ou de uma coletividade.

Desequilíbrio e equilíbrio são conceitos amplos, abertos, portanto, de cunho subjetivo do Ser, donde se deduz que o meio termo sob a visão total ou parcial, através da medida da ponderação é que indica o controle, buscando-se soluções de modo assertivo, utilizando-se as leis humanas, principalmente as que envolvam aspectos sociais, morais, culturais e financeiros, sempre em função do bem comum.

sábado, 2 de maio de 2015

Apolo e Dionísio nas artes. Edna Domenica Merola

MITOLÓGICAS: DIONISIO
Baco de Caravaggio
(Dionísio)
Apolo













De 1982 a 1984 fui aluna de um curso que se destinava a psicólogas e médicas. O curso foi ministrado pelo Instituto Brasileiro de Psicodrama e tinha por meta formar psicodramatistas. Foi a partir do IBP que conheci o Psicodrama: o teatro da vida.
Comecei a pesquisar os processos criadores de soluções para antigos ou novos impasses e questionamentos. Comecei a perceber quão profícuo é o uso da fantasia na busca da qualidade de vida. E como resultado dessa descoberta, incorporei técnicas do psicodrama no meu cotidiano de professora de Português.
No jogo psicodramático prevalece a fantasia, pois suas regras são as exclusivas do jogo, não havendo sanções da realidade. “Psicodrama é [...] pesquisa em ação [...] aí incluindo role playing...” (MORENO e ENNEIS, 1984, p. 84).
Em 30 de abril de 2015, numa oficina de criação literária, dirigi uma dramatização espontânea que procurou instigar a reflexão sobre equilíbrio e criatividade. Tal atividade didática foi estruturada num contexto psicodramático que é o momento do como se ou da fantasia. O role playing realizado consistiu do jogo de papéis socialmente estruturados e preestabelecidos: o de debatedor (professor ou conferencista) e seus complementares (público).
Alguns representaram os papéis de professores participantes de uma mesa redonda que explanaram sobre as imbricações do equilíbrio psicológico e da criatividade com a cidadania. Os demais participantes representaram o papel de plateia e encaminharam perguntas aos ‘debatedores’ sobre o equilíbrio e a loucura.
Qual a importância desse debate para o ensino-aprendizagem da Literatura?
A arte é ‘associada’ às manifestações dos deuses gregos Apolo e Dionísio (cujo correspondente, no Império Romano, é Baco).
Apolo é o deus da razão e do equilíbrio, presente nas formas esculturais presentes dos templos e conservadas por séculos pelas classes sociais dominantes. A concepção do belo puro ou apolíneo é bem conhecida. Todos que compartilham da cultura ocidental entendem sobre a expressão “fulano é um Apolo” que tal pessoa é bonita de forma absoluta. No entanto, sabe-se que isso é relativo aos padrões do belo apregoados na antiguidade clássica e perpetuados por meio de mecanismos culturais de caráter hegemônico.  
A arte apolínea teve seu período de ouro no Classicismo e remete às máximas: o objeto da arte e o produto artístico devem ser perfeitos; os modelos servem para ser imitados; a arte imita a realidade. Conceitos da arte apolínea foram explorados politicamente para justificar correntes higienistas e outras que se apoiam na inclusão do 'belo' e exclusão do 'feio' (determinados via eurocentrismo).
Dionísio ou Baco está ligado ao frenesi carnavalesco inerente às manifestações populares. Na concepção dionisíaca, toda a mancha de pecado se apaga com o ritual que resulta em suspensão temporária da ordem rotineira. O resultado é a festa com carnavalização que propicia a catarse coletiva.
A perspectiva dionisíaca é de certa forma relacionada à ‘alucinação’ e à ‘mania’. A alucinação é alteração de sentidos e a mania a exacerbação da parte motora.
A arte dionisíaca é aparentemente transgressora da ordem social estabelecida, mas remete ao que é ritualizado. A expressão tanto da alucinação quanto da mania, que se dá no ritual, é uma expressão coletiva e, portanto, compartilhada culturalmente. Representa, assim, um mecanismo de subversão da ordem, mas com retorno à sua continuidade.

A arte é, portanto, imitação e deformação da realidade. A vida cidadã depende não só da preservação da ordem (por meio das informações culturais), como também das transformações (via deformações e transgressões) necessárias para manter a dignidade da vida humana. 


Referências:

CEIA, Carlos. E- Dicionário de Termos Literários

MORENO, J. L. e ENNEIS, J. M. Hipnodrama e Psicodrama. Trad. bras. São Paulo: Summus, 1984.


Link
Imagem do deus mitológico grego: Apolo.
http://random-bits-of-pie.blogspot.com.br/2012/03/apollo-is-one-of-most-important-greek.html

Imagem do deus Baco. Cópia da pintura por Caravaggio.