quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Textos produzidos por Carmen Jaecir de Pinho, nas Oficinas de Criação Literária do N.E.T.I./ UFSC

XV SEPEX. 21/10/2016.
Carmen Jaecir Pinho iniciou sua participação nas Oficinas de Criação Literária do N.E.T.I. em março de 2016. Participou da XV SEPEX/UFSC.
Reside em Florianópolis há 10 anos. 
Frequentou escola durante 50 anos. Ingressou no NETI em 2007. 
Participou de cursos até  o ano de 2015. O livro de que mais gosta é Cem Anos de Solidão (de Gabriel Garcia Marques). Aprecia  Frank Sinatra, especialmente New York, New York


XV SEPEX
XV SEPEX.



Carmen, Catarina, Ângela e Marlene





Florianópolis, 1 de setembro de 2016.
Acróstico

Como vou esquecer?
Ah! Foi meu pai que me deu o nome
Recebi esse nome de minha mãe
Me sinto honrada e feliz
Essa homenagem é poesia
Nela me transformo numa poesia viva

Florianópolis, 14 de setembro de 2016.

Acróstico

Como se fora criança
Alimento ainda brincar 
Receio não ter tanto humor 
Mas se quero louvação 
Então o nome de minha mãe 

Navega até hoje como homenagem de amor.


Florianópolis, 25 de agosto de 2016.

Descontração
Encontrei uma menina faceira
Com vontade de brincar
Percebi nela uma companheira
De meus folguedos e meu cantar


Iniciamos uma forte amizade
Fazíamos tudo com descontração e entusiasmo
Era como se fosse o meu primeiro orgasmo.



Produção Coletiva elaborada em 25/08/2016. Carmem, Ester, Laércio e Cleide.
Permanência

Sempre que viajo na direção contrária, para um tempo vivenciado há muito tempo atrás, minha mente vê claramente a figura da criança que eu fui.
E sinto novamente a mesma alegria de fazer as pazes com quem acabei de brigar. De brincar de amarelinha com a vizinha. Correr atrás da velha bola de meia. Roubar as coloridas bolinhas de gude.
Comer batata crua com o doce veneno de um açúcar roubado da velha infância.

Criação coletiva de texto para teatro com as personagens Maria (MEROLA, 2011) e Lady Shalott (1833). (Carmen, Marlene Oliveira, Vera, Edna Gaspodini). Florianópolis, 23 de Junho 2016.

SHALOTT
(Olha pela janela, o sol está raiando. Procura seu cavaleiro, mas não o vê. Mas vê Maria chorando).
‒ Por que chora, Maria?
MARIA
‒ Não estou bem, sou porta estandarte, nasci para sambar. Mas o Carnaval acabou, foram três dias de alegria, festa e luz, nos quais todos esquecem suas tristezas. E o mundo nos aplaude!
SHALOTT
‒ Gostaria de me espelhar em você.  Mas estou triste, também sem esperanças; há tempo que não tenho alegria. Hoje vou ao encontro das águas que me abraçarão para todo sempre. Vivi até hoje à espera de meu cavalheiro que não voltou. Minha vida se perdeu no tempo da espera. Você é a nascente da qual eu gostaria de fazer parte.

MARIA
‒ Não se vá, espere para o próximo carnaval e sua alegria voltará. Esquecerá essa espera escura do seu cavalheiro que nunca voltou.

SHALOTT
‒ Adeus não posso mais suportar, viver presa neste castelo, onde só a recordação existirá. A escuridão tomou conta do meu coração. Agora me vou...

MARIA
‒ Não mais irei chorar, pois toda minha dor, no próximo Carnaval, em luz e alegria se tornará. Adeus!

Referência:
MEROLA. Olha o pão de Maria! In A Volta do Contador de Histórias. Nova letra. 2011. Disponível em http://netiativo.blogspot.com.br/2016/06/releituras-edna-domenica-merola.html


Florianópolis, 08 de junho de 2016.
Texto para Teatro de Objetos

Personagens: Pintalgato, sino, carro e celular.



                   (SINO)
‒ Oi, lindo Pintalgato. O que está fazendo com esse sino nas patas?

                    (PINTALGATO)
‒ Estou tentando avisar aos meus amigos gatos que um veículo está passando e recolhendo todos os felinos da cidade.

                     (CARRO)
‒ É isso mesmo. Vou percorrer a cidade e pegar os gatinhos que andam soltos.

                     (CELULAR)
‒ Ora Senhor Pintalgato, vou mandar um whatsapp avisando a todos os gatos que se protejam e fujam do carro!

                      (PINTALGATO)

‒ Obrigado. Assim fico mais tranquilo e posso parar de andar com esse sino pesado para lá e para cá.


Florianópolis, 20 de maio de 2016.
Amiga Vânia,

Esperando encontrá-la bem e com saudades de nossos papos, vou lhe contar uma história.
Conheci uma senhora, moradora da minha rua, que gostava muito de participar das atividades comunitárias do bairro, frequentando reuniões e encontros. Ela se preocupava com os vizinhos, com os animais e principalmente com o meio ambiente e com a natureza.
Um dia, ao encontrá-la, aproveitei para fazer-lhe algumas perguntas que ela me respondeu e transcrevo nessa carta.
‒ Dona Áurea, vejo que a senhora se sente bem ajudando os outros. Por que a senhora faz isso com tanta dedicação?
‒ Eu gosto de ajudar a todos para que tenham uma existência melhor.
‒ Como é exatamente o seu convívio e dedicação às pessoas?
 ‒ Eu visito os doentes, conto histórias às crianças, realizo passeios com idosos e tudo isso, colaboro para que os meus amigos tenham um bem-estar diferenciado.  E, claro, eu também me sinto recompensada, pois nessa fase da vida não podemos ficar parados: temos que nos distrair, viajar, ler, passear e ajudar aos nossos semelhantes.
‒ Mas, sendo a senhora uma pessoa idosa, não acha que os outros é que deveriam ajudá-la?
‒ Não, mesmo tendo idade acho que posso fazer várias coisas.  Mas claro gostaria que me ajudassem, respeitassem e gostassem de mim.
‒ Mas, como a senhora crê que os vizinhos interpretem as suas ações?
‒ Sei que não poderei agradar a todos, pois talvez pensem de outra maneira, diferente da minha. E, ainda como dizem os versos de Renato Teixeira:

"Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz de ser feliz"

‒ Esses versos são minha inspiração para receber e dar carinho e amor!
Pois então, amiga Vânia, depois desse relato, o que você acha de seguirmos o exemplo de dona Áurea e ajudarmos uns aos outros com alegria e abnegação?
Abraços,
                            Marieta.


Florianópolis 12 de maio de 2016
Querida neta,

Espero encontrá-la bem. 

Como não convivemos há muitos anos, estou curiosa para saber se você, na infância, gostava de brincar com seres como Papai Noel, Coelho da Páscoa etc., sozinho?
Pergunto isso, pois quero conhecê-la melhor.
Vou lhe contar uma história: eu tive uma amiga, senhora de prováveis 58 anos, que ela própria brincava com os filhos, já que havia deixado de trabalhar para cuidá-los. Além do convívio familiar, nesses momentos de dedicação e brincadeiras, mãe e filhos desenvolviam papéis lúdicos, sociais e psicodramáticos como brincar de médico, bombeiro, atriz, astronauta, e quando eles sentiam medos, angústias e sensações térmicas, contavam com o carinho e atenção da sua mãe.
E hoje que você está na adolescência, crê que é necessário buscar alternativas e formas de viver melhor no presente e futuro? Pois quando fazemos nossas escolhas, estamos realizando atividades novas e prazerosas com as quais pretendemos crescer como: ir ao cinema, passear, viajar, ler, fazer ginástica e ainda aprender informática.
Quero saber sua opinião, pois sendo idosa, gosto de praticar e vivenciar novas oportunidades para me manter atualizada e feliz!
                               Aguardando sua resposta,

                                               Com carinho da avó.




Um comentário: